Principal grupo de oposição deve perder assentos no Parlamento, fortalecendo partido governista.
Oposição diz que pleito de domingo foi fraudado
As eleições parlamentares do Egito, realizadas no último domingo, foram marcadas por acusações de fraude, confrontos nas ruas e protestos em diferentes regiões do Cairo. A comissão eleitoral declarou que os resultados do pleito serão anunciados na terça-feira.
A expectativa é de que o Partido Nacional Democrático (PND), do presidente Hosni Mubarak, de 82 anos e há quase três décadas no poder, aumente seus assentos no Parlamento, enfraquecendo a oposição.
Os jornais egípcios citam pesquisas que indicam que o PND deve consolidar uma "maioria sólida das 508 cadeiras do Parlamento".
A Irmandade Muçulmana, maior grupo de oposição e que contava com 88 deputados, deve perder vários assentos, disse o jornal - o que foi confirmado à BBC News por uma fonte do partido.
O grupo participou do pleito com 130 candidatos independentes (as leis egípcias proíbem partidos religiosos em eleições). Seus apoiadores afirmam que foram banidos de votar em diversas seções e denunciaram compra de votos em algumas áreas.
Se confirmada a maioria parlamentar do PND, o presidente Mubarak consolidará seu poder, abrindo caminho para que seu filho, Gamal Mubarak, suceda-o na liderança do partido.
Caso o atual presidente, com sérios problemas de saúde, não concorra à reeleição no pleito presidencial em 2011, Gamal poderá ser indicado como candidato pelo PND.
Protestos e prisões
As eleições de domingo também foram marcadas por atrasos nas seções eleitorais, e eleitores reclamaram de lentidão.
Membros do partido de oposição Taggammu alegaram que em um posto cerca de 2,8 mil eleitores votaram duas vezes porque eram a favor do partido do governo.
Em outras cidades, simpatizantes da Irmandade Muçulmana teriam sido agredidos por homens armados com bastões.
Vários eleitores da oposição alegaram que teriam sido impedidos de votar, motivando protestos em vários pontos da capital Cairo e outras cidades pelo país.
Em alguns pontos do Cairo, houve também confrontos entre membros do PND e de grupos opositores.
Somente 10% dos observadores estrangeiros receberam autorização do governo para monitorar o pleito, e a imprensa disse que observadores egípcios foram intimidados e proibidos de conversar com eleitores e com funcionários eleitorais.
Concorreram 5.181 candidatos aos 508 assentos em disputa no Parlamento, sendo que 380 mulheres disputaram as 64 cadeiras reservadas a candidatas femininas. Outros dez assentos serão preenchidos por indicados de Mubarak.
Cerca de 41 milhões de egípcios estavam aptos a votar, mas aparentemente o comparecimento às urnas foi baixo.
Nas semanas que antecederam as eleições, mais de mil simpatizantes e membros de grupos oposicionistas foram presos. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.
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