O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, disse nesta segunda-feira que pediu ao Ministério da Defesa para que as Forças Armadas permaneçam por até sete meses no Complexo do Alemão na Vila Cruzeiro, zonas ocupadas pelas forças de segurança.
A Secretaria de Segurança do Rio de Janeiro disse que o objetivo é que os militares continuem no complexo de favelas até o próximo semestre, quando é prevista a instalação de uma UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) na região e quando novos policiais militares serão formados para trabalhar no local.
Cabral já conversou a respeito com o ministro da Defesa, Nelson Jobim, e deve formalizar seu pedido e acertar os detalhes técnicos, segundo a secretaria.
As Forças Armadas cederam veículos blindados da Marinha e do Exército para a ocupação e o confronto com traficantes. E, dos 2,7 mil homens que participaram da operação no Alemão, 800 eram soldados da Brigada de Infantaria Paraquedista do Exército.
O governador disse que os militares devem ajudar no policiamento ostensivo nessa chamada "fase de transição" entre a tomada do local e a instalação da UPP.
Revistas
No dia seguinte à ocupação do Complexo do Alemão, a polícia continuava vasculhando nesta segunda-feira as cerca de 30 mil casas da região e revistando os moradores nos acessos ao complexo de favelas.
O objetivo era recuperar armas e drogas deixadas pelos traficantes em fuga, relata a Agência Brasil.
Agentes do Bope (Batalhão de Operações Especiais da polícia) passaram a madrugada em pontos estratégicos do complexo.
Ainda assim, os moradores da região começaram a retomar sua rotina nesta segunda-feira. As pessoas saíram para trabalhar, e o comércio – fechado nos últimos dias por conta dos tiroteios – reabriu suas portas.
Mas as escolas da rede municipal permaneciam fechadas nas favelas do Alemão e da Vila Cruzeiro. A Secretaria Municipal da Saúde informou em nota que vai discutir com a prefeitura o reinício das aulas.
Na noite de domingo, o secretário de Segurança Pública do Rio, José Mariano Beltrame, disse que não tem “jogo ganho” após a ocupação do Complexo do Alemão, mas considerou a vitória um “passo importantíssimo” na luta contra o crime no Rio.
“Nós não vencemos a guerra, mas pode-se dizer que vencemos a mais difícil e importante batalha”, disse a jornalistas 12 horas depois do início da operação no conjunto de favelas.
Prisões
No domingo, foram apreendidos 50 fuzis, 40 toneladas de maconha e 200 kg de cocaína no complexo de favelas.
E a polícia hasteou uma bandeira no alto de uma das estações do teleférico que está sendo construído no Alemão, para marcar a reconquista do território pelo Estado.
Beltrame disse que os bandidos que fugiram serão capturados, pois o Estado vai continuar avançando na recuperação de territórios. “Se chegamos ao Alemão, nós vamos chegar à Rocinha, ao Vidigal e assim por diante.”
Vinte pessoas foram presas na operação, entre eles Eliseu Felício de Sousa, o “Zeu”, que se entregou à polícia após ser descoberto em um barraco. Condenado a mais de 23 anos de prisão pela morte do jornalista da TV Globo Tim Lopes, “Zeu” cumpriu apenas cinco anos de pena. Ele estava foragido desde 2007, quando foi beneficiado pelo regime semi-aberto e não retornou à prisão.
Tim Lopes foi assassinado depois de ser descoberto por traficantes chefiados por Elias Pereira da Silva, o “Elias Maluco”, quando fazia uma reportagem sobre a venda de drogas a céu aberto no Complexo do Alemão.
A operação também encontrou o que seria a casa do traficante "Pezão", tido como chefe de tráfico do Alemão. O imóvel de três andares tem piscina, hidromassagem, ar condicionado em todos os cômodos e até uma discoteca.
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