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sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Após virar nº 1 e com milhões na conta, Guga se escondeu no Havaí e dormiu em colchonete

Após se tornar o tenista número 1 do mundo, em Lisboa, seria comum ver Gustavo Kuerten voltar ao Brasil e desfilar em carro do Corpo de Bombeiros, em Florianópolis (SC), ou em algum carro oficial, em Brasília (DF).

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Arquivo pessoal
Gustavo Kuerten no Havaí surfando em Tow in, em Avalanche
Guga surfando em Tow-In, em Avalanche, no Havaí

Mas Guga tirou férias. Foi desfilar sobre as pranchas de surfe no Havaí (EUA). E, no lugar das multidões que já o tinham como ídolo aos 24 anos, o manezinho da ilha --como são apelidados os moradores de Florianópolis-- escolheu a companhia de poucos amigos.

Da conquista do Masters no dia 3 de dezembro de 2000, Guga embarcou diretamente para Los Angeles (EUA), onde encontrou o amigo Alfio Lagnado, empresário criador da marca especializada em surfe Hang Loose. Então, foram para a casa que haviam alugado em Rocky Point, no Havaí.

"Depois do título e dos milhões, ele se jogou numa caminha com um colchonete, bem simples, em um cantinho", conta Alfio, 49. Naquele ano, só em premiações da ATP, Guga ganhou quase US$ 5 milhões (o equivalente hoje a R$ 8,5 milhões).

As férias estavam programadas desde antes do torneio que reunia os melhores do mundo em Lisboa. Independentemente do título, Guga queria, enfim, realizar o sonho de conhecer e desfrutar do paraíso das ondas.

E não ler jornais estava entre os desafios do novo número 1 do mundo para esquecer por alguns dias o tênis.

Arquivo pessoal
Gustavo Kuerten no Havaí com os irmãos gêmeos, Damien e o também campeão mundial Cj Hobgood
Guga com os irmãos gêmeos surfistas Damien e C.J. Hobgood, este campeão mundial

O amigo empresário havia levado para o Havaí alguns exemplares de jornais e revistas que retratavam a conquista de Guga em Lisboa. O manezinho desprezou-os.

No entanto, passada uma semana, o tenista resolveu vasculhar aquelas páginas impressas que estavam jogadas sobre uma mesinha.

"Ele começou a ler e falou: 'Não acredito, sou campeão do mundo', recorda Alfio. "Naquele momento caiu a ficha. Foi quando ele começou a ler os nomes da galeria dos que já haviam sido número 1 do mundo", completa.

Guga estava, realmente, em férias. Entre uma ida ao quiosque que fazia um camarão com alho parecido com o que gosta em Florianópolis e uma onda, lembrava de tênis apenas quando encontrava outros campeões mundiais. Estes, de surfe.

O tenista, então, mostrou seu lado tiete ao encontrar o americano C.J. Hobgood e o australiano Tom Carroll.

Arquivo pessoal
Guga Kuerten - Comendo camarão como em Floripa
Guga come camarão com alho no Havaí

"O Tom é bicampeão mundial e perguntava se aquele cara era o Guga, ele adora tênis. E o Guga era ídolo do cara também. Com o C.J. foi igual", lembra Alfio.

O auge das férias, porém, foi quando Guga alcançou outro feito inédito na carreira. Desta vez, como surfista. Convidado para fazer "tow-in" surfe em ondas gigantes, ajudados por um jet-ski, Guga aceitou. Diz o amigo, talvez por vergonha de recusar tamanho desafio. Mas conseguiu algo que dá medo até em surfistas experientes.

"Conheci o Guga pequeno e viajei com ele para pegar onda umas 10 vezes. Ele nunca mudou, nunca deixou de tirar uma foto com fã, de chamar os funcionários pelo nome, de perguntar dos amigos que conheceu no Havaí ou em Fernando de Noronha. O Guga não existe! E, ainda bem, ele virou tenista. Não é prego [surfista ruim], mas...", conclui o amigo de viagem do número 1 do mundo.



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