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sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Amorim confirma sondagem e rejeição para Brasil receber presos de Guantánamo

O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, confirmou nesta sexta-feira que houve uma sondagem para o Brasil receber presos de Guantánamo, mas não soube precisar quando foi e se a data coincide com os telegramas produzidos pela diplomacia norte-americana tratando do tema.

Amorim, no entanto, disse não ter achado adequado, porque "não havia razão para importar um problema que não tem nada a ver conosco".

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"Houve sondagens efetivas [do governo americano], mas o Brasil não achou adequado que devesse recebê-los por várias razões. Algumas eram pessoas suspeitas de terrorismo. O mais normal seria, se eram inocentes, que encontrassem de volta seu caminho na vida. Não havia razão para a gente importar um problema que não tem nada a ver conosco", disse Amorim.

A Folha leu três telegramas sobre o assunto. Desde 2005 os EUA fazem gestões para que o governo brasileiro aceite receber alguns dos presos de Guantánamo na condição de refugiados.

"O governo do Brasil ainda sustenta que não pode aceitar imigrantes de Guantánamo porque seria ilegal designar como refugiado alguém que não está ainda em solo brasileiro", diz telegrama confidencial de 24 de maio de 2005, assinado pelo então embaixador americano em Brasília, John Danilovich.

Em 30 de outubro de 2009, um telegrama relatou novamente a investida dos EUA.

Ao checar com funcionários do Itamaraty como estava a demanda, a diplomacia norte-americana relatou que "não houve reação positiva do governo brasileiro".

Amorim minimizou um possível mal-estar provocado pela divulgação de documentos confidenciais, dizendo que, entre as informações vazadas, não havia nada muito "secreto". "Não tem nada ali que seja top secret. Tem coisas que, ou a gente já sabia ou são interpretações subjetivas de agentes diplomáticos", disse.

Ele também disse que o telegrama em que o embaixador dos EUA em Tegucigalpa, Hugo Llorens, afirma que "não há dúvidas" de que a Corte Suprema e o Congresso Nacional atuaram "ilegalmente" e "inconstitucionalmente" ao derrubar Manuel Zelaya e colocar Roberto Micheletti na Presidência de Honduras prova que o Brasil tinha razão quando exigia a volta do presidente para a normalização democrática do país.

"Há declaração do embaixador norte-americano em Honduras dizendo que foi um golpe totalmente contra a Constituição, que contrariava totalmente a democracia nas Américas. Isso é muito interessante, porque nós [do governo brasileiro] fomos muito criticados, por muitos, inclusive por alguns de vocês [da imprensa]", disse.

Amorim também comentou as declarações dos Estados Unidos de que a diplomacia brasileira teria uma posição antiamericana. "Faz muito tempo que é assim. A não ser em momentos em que o Itamaraty foi especialmente compreensivo em relação a pressões estrangeiras, o Itamaraty é a primeira linha de defesa da soberania e tem a visão de conjunto. Muitas vezes, uma coisa que pode parecer atraente a um ministério, no seu conjunto pode trazer um preço que não vale a pena pagar", afirmou.



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