Bruno Tavares, de O Estado de S. Paulo, e Ítalo Reis, do Estadão.com.br
SÃO PAULO - A juíza Kenarik Boujikian Felippe, da 16.ª Vara Criminal de São Paulo, condenou nesta terça-feira, 23, o médico Roger Abdelmassih a 278 anos de prisão. O médico era acusado de estupro e tentativa de estupro. O advogado José Luís de Oliveira Lima disse que irá recorrer ao Tribunal de Justiça na quarta-feira. O médico poderá aguardar em liberdade por ter sido beneficiado no ano passado por liminar em habeas corpus concedido pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
O Ministério Público Estadual acusava Abdelmassih de ter cometido 52 estupros e 4 tentativas contra 39 mulheres - a maioria pacientes de sua clínica especializada em reprodução assistida. As investigações começaram em 2008, após uma ex-funcionária dele procurar promotores de Justiça e relatar que o médico teria tentado beijá-la à força.
Em 17 de agosto do ano passado, Abdelmassih foi preso pela polícia. Ele passou quatro meses atrás das grades até ser solto, às vésperas do Natal de 2009, por decisão do ministro Gilmar Mendes, do STF.
Mais de 200 pessoas foram ouvidas no curso da ação penal contra o médico, entre vítimas e testemunhas de defesa e de acusação. O processo soma cerca de 10 mil páginas. A defesa de Abdelmassih, capitaneada pelo criminalista José Luís Oliveira Lima, tentou mostrar que os abusos relatados pelas pacientes eram fruto de alucinações desencadeadas pelo uso de um sedativo.
Ao Estadão.com.br, Oliveira disse por telefone que a magistrada ignorou as provas que poderiam inocentar Abdelmassih. "Respeito a decisão, mas confesso que fiquei surpreso com a magistrada. Ela desprezou os depoimentos de 200 familiares e pacientes, do doutor Roger e as preliminares processuais que apresentei", afirmou o advogado.
Desde julho, o médico está impedido de exercer sua profissão - ele teve seu registro médico cassado por unanimidade pelo Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp).
Atualizado às 16h34 para acréscimo de informações
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