Cerca de 200 homens da Polícia Civil do Rio entraram na comunidade da Vila Cruzeiro, na zona norte do Rio, por volta das 15h10 desta quinta-feira. Parte dos policiais estavam em quatro veículos blindados da Polícia Militar, conhecidos como Caveirão. No local, a polícia faz uma operação desde a manhã, para coibir a onda de ataques registrados no Estado desde o último domingo (21).
Leia a cobertura completa sobre os ataques no Rio
Entenda a onda de ataques no Rio
Os policiais foram recebidos com tiros pelos traficantes. Quando os blindados começaram a subir no morro da favela, um intenso tiroteio teve início. Imagens registradas pela GloboNews mostraram suspeitos fugindo, com a aproximação dos policiais.
Dois caminhões das Casas Bahia, que haviam sido sequestrados por criminosos na rua Nossa Senhora da Penha, na entrada da favela, foram resgatados pela polícia. Nove funcionários da empresa que eram mantidos reféns foram liberados e passam bem. Os caminhões estavam sendo usados para bloquear as vias de acesso à favela --um terceiro foi queimado e permanece no morro.
Os policiais participaram de uma operação na favela do Jacarezinho que ocorreu mais cedo, e depois foram enviados à Vila Cruzeiro. Eles são de unidades como Core (Coordenadoria de Recursos Especiais), Decodi (Delegacia de Costumes e Diversões) e Polinter (Polícia Interestadual).
Além dos policiais civis, cerca de 150 policiais militares do Bope (Batalhão de Operações Especiais) também participam da operação. Pelo menos dois veículos blindados --conhecidos como Caveirão-- e outros 11 veículos da polícia estão no local.
Três tanques blindados cedidos pela Marinha brasileira, mais potentes que o M113, também chegaram na entrada da comunidade nesta tarde. É a primeira vez que a PM do Rio usa tanques da Marinha. Os veículos vão ajudar a atravessar bloqueios feitos por traficantes nos os principais acessos à favela.
Na quarta-feira (24), o governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), pediu apoio à Marinha para conter a onda de ataques que ocorrem no Estado. Em entrevista ao "Jornal Nacional", da TV Globo, o político disse que recebeu um fax do ministro da Defesa, Nelson Jobim, garantindo apoio logístico.
O governador sustenta que a Marinha não vai atuar diretamente no combate às ações violentas no Rio. "Não é apoio de efetivo. A Marinha não irá se envolver. Irá ceder esses equipamentos para a operação da Polícia Militar."
ENTENDA OS ATAQUES
Desde o fim de semana o Rio vem sofrendo uma série de ataques criminosos. O balanço geral até agora é de 27 mortos e 46 veículos incendiados, contando com um ônibus queimado na manhã desta quinta. Nove incêndios aconteceram entre as 20h da noite de quarta-feira (24) e o início da madrugada de hoje.
Na segunda-feira (22), Cabral e o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame,ligaram a série de ataques à política de ocupação de favelas por UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora) e à transferência de presos para presídios federais.
Beltrame não descartou novos ataques de "traficantes emburrados" e afirmou que o Rio não mudará a política de segurança pública.
Para o comandante-geral da Polícia Militar do Rio, a onda de arrastões e de veículos incendiados na cidade é uma ação orquestrada por uma única facção criminosa com objetivo de causar medo na população e de desacreditar a política de segurança pública do Estado. Ele não citou o nome, mas se referia ao Comando Vermelho.
Para tentar conter a articulação de líderes de facções criminosas, Beltrame pediu na terça-feira ao Tribunal de Justiça a transferência de pelo menos oito presos para presídios federais.
Uma investigação da polícia do Rio aponta também para uma articulação entre traficantes de duas facções criminosas para uma eventual mega-ação de confronto para o próximo sábado, dia 27.
Nas conversas entre traficantes interceptadas pela polícia aparecem sugestões de atirar contra as sedes dos governos estadual e municipal e lançar explosivos em áreas de grande aglomeração, como shopping centers na zona sul e pontos de ônibus.
O policiamento nas ruas foi reforçado, com os agentes colocados em estado de alerta, e operações foram deflagradas para impedir que o confronto se materialize.
Foi ventilado por integrantes das facções criminosas o planejamento de ações para atingir diretamente familiares do governador Sérgio Cabral Filho (PMDB).
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