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sábado, 27 de novembro de 2010

Forças Armadas reforçam cerco a criminosos no Rio de Janeiro

Por Rodrigo Viga Gaier

RIO DE JANEIRO (Reuters) - A polícia do Rio de Janeiro, com reforço a partir desta sexta-feira de 800 homens do Exército, aumentou o cerco ao conjunto de favelas do Alemão, para onde dezenas de criminosos armados acusados de comandar uma onda de violência na cidade fugiram após a ocupação policial da favela Vila Cruzeiro.

Atos de violência continuaram a assustar a cidade pelo sexto dia seguido de ataques contra veículos e alvos policiais, elevando para quase 100 o número de carros, ônibus e vans queimados desde domingo. Ações da polícia em resposta aos ataques nas ruas deixaram pelo menos 45 suspeitos mortos em confrontos, de acordo com a polícia. Uma jovem de 14 anos também morreu, vítima de bala perdida.

Nesta sexta-feira, um tiroteio matou ao menos três pessoas e feriu outras 10, entre elas um fotógrafo da Reuters, que foi baleado no ombro perto da Favela do Alemão. Ele foi hospitalizado e não corre risco de morte.

Homens armados afrontaram a polícia exibindo metralhadoras e fuzis na manhã desta sexta no Alemão, e tiros foram disparados na direção de um helicóptero policial que sobrevoava o local, de acordo com um fotógrafo da Reuters nas proximidades da favela. A polícia informou que a aeronave não foi atingida.

A pedido do governo do Rio, o Ministério da Defesa designou 800 homens do Exército para ocuparem os perímetros da Vila Cruzeiro e do Complexo do Alemão. De acordo com a Secretaria de Segurança, os soldados vão liberar policiais para incursões nas favelas.

"O confronto naquela região é uma necessidade para termos um Estado com paz", afirmou o ministro da Defesa, Nelson Jobim, em visita ao Rio para oficializar a parceria das Forças Armadas com as autoridades de segurança do Estado.

De acordo com o subsecretário de Segurança do Rio, Roberto Sá, as autoridades avaliam uma incursão ao Complexo do Alemão em busca dos criminosos que fugiram da Vila Cruzeiro. As duas favelas são consideradas uma fortaleza da facção criminosa acusada de comandar os ataques dos últimos dias.

"Vai haver invasão ao Alemão no momento adequado. O foco hoje ainda é a Vila Cruzeiro, mas ir para o Alemão não está descartado. Estamos dependendo de informações do serviço de inteligência", disse Sá a jornalistas.

O Exército informou que a maioria das tropas de paraquedistas que vai participar do cerco à Vila Cruzeiro e ao Alemão tem experiência em conflito urbano por terem servido às tropas da Organização das Nações Unidas na missão de paz no Haiti.

Veículos blindados da Marinha operados por fuzileiros navais - que tiveram papel decisivo na tomada da Vila Cruzeiro na quinta-feira por superarem as barricadas montadas pelos traficantes - continuarão a serem utilizados para transportar policiais do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) para dentro das comunidades, assim como helicópteros da Força Aérea e outros veículos das Forças Armadas.

Trezentos homens da Polícia Federal também foram acionados para cooperar com a polícia fluminense.

"O Exército vai se posicionar nos acessos da Vila Cruzeiro e do Alemão, nos liberando um bom número de policiais para outras ações que vão acontecer", afirmou o secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame.

Na quinta, cerca de 500 policiais, a maioria transportada por veículos militares blindados da Marinha -que nunca haviam sido usados antes nos combates em favelas da cidade- tomaram o controle da Vila Cruzeiro, levando à fuga de dezenas de homens armados para o Complexo do Alemão, também na zona norte da capital fluminense.

O comércio e as escolas da região fecharam as portas por mais um dia nesta sexta, deixando milhares de crianças sem aula. Na quarta-feira, uma adolescente de 14 anos foi atingida por uma bala perdida dentro de casa e morreu no hospital. Ao menos mais 10 moradores também foram feridos por balas e levados para o principal hospital da região, segundo a Secretaria de Saúde do Estado.

Autoridades da área de segurança consideram as ações violentas desta semana uma resposta à nova estratégia implementada na capital com as Unidades de Polícia Pacificadoras (UPPs), que provocou saída de chefes do tráfico de favelas onde esse tipo de policiamento foi instaurado. Acuado e forçado a deixar algumas áreas da cidade, o crime organizado estaria reagindo.

A implantação das UPPs em 15 das centenas de favelas espalhadas pela cidade é considerada o maior avanço na área de segurança pública da capital fluminense nos últimos anos, e a medida foi inclusive citada pelo Comitê Olímpico Internacional como um exemplo de que a cidade será segura para a Olimpíada de 2016. O Rio também será palco central da Copa do Mundo de 2014.

(Reportagem adicional e texto de Pedro Fonseca)



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